A banda Abayomy Afrobeat Orchestra se juntou em 2009 pra trilhar a primeira edição do FELA DAY (evento
internacional que celebra o nascimento de Fela Kuti) no Rio de Janeiro e
nunca mais parou. O grupo é formado por alguns dos melhores músicos que
vivem em solo carioca como o percussionista Garnizé(Faces do Subúrbio/‘O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas’) e o tecladista Donatinho, filho de João Donato. Depois de alguns anos entre shows cada vez mais frequentes, a Abayomy lançou ontem seu disco de estréia na edição 2012 do FELA DAY no Circo Voador. O álbum homônimo foi produzido por André Abujamra
e traz seis faixas com repertório próprio e de muita qualidade que
junta o afrobeat à ritmos do candomblé misturando letras em português,
inglês e yorubá. Afrobeat legítimo com selo de qualidade ‘feito no Brasil’. Vale o confere!
"Na Rússia não tem salada russa/ na Grécia não tem arroz à grega/
Milão não tem bife à milanesa/na França ninguém sai à francesa".
Ensinamentos de Adriana Partimpim. Quando não mais se esperava, ela
apronta outra das suas, três anos depois da segunda travessura e oito da
sua aparição na Música Infantil Brasileira, a qual fez crescer, lhe
adicionando graça e densidade.
O CD, gravado em uma semana, se chama Tlês
e tem duas boas novas de sua irmã mais velha, Adriana Calcanhotto: a
espertinha Salada Russa da abertura, parceria com Paula Toller, e a
delicada Também Vocês, com João Callado.
Esta segunda é uma das canções de ninar do CD, que recupera o Acalanto
de Caymmi para Nana e que conta com a participação de Alice, a neta de
Dorival em início de carreira. Do baiano tem também Tia Nastácia,
composta para o Sítio do Pica-pau Amarelo.
"A primeira ideia era que fosse um disco de canções de ninar. A
semente é essa", conta Adriana, que segue inventando com a trupe formada
por Alberto Continentino, Domenico Lancellotti, Berna Ceppas e
companhia, cada um criando seus arranjos, e o coro de crianças amigas.
Como nos dois CDs anteriores, ela apresenta às crianças músicas
"adultas" que poderiam ter sido compostas para elas. Se os primeiros
traziam o funk-balada Fico Assim Sem Você, a marchinha Lig-Lig-Lig-Lé, a Ciranda da Bailarina de Chico Buarque e o Trenzinho do Caipira, Tlês vem com O Pato, feito um clássico da bossa nova por João Gilberto, e o sem-número de passarinhos de Passaredo, outro Chico.
Os pais vão precisar do dicionário para explicar o que são "tordo,
tujo, tuim". Jabuti, teiú, bem-te-vi, águia, sapo - são muitos bichos
também em Criança Crionça (Cid e Augusto de Campos) e em Lindo Lago do Amor, de Gonzaguinha - o que dá ao CD uma atmosfera de fábula. Mas aqui não há lições de moral.
Há delicadeza, gatilhos para a imaginação, barulhinhos sintetizados
ou orgânicos que merecem ser ouvidos em surround: desentupidor de pia
emulando o canto de uma baleia em Por que os Peixes Falam Francês? (Continentino/Domenico),
o chamado piston cretino fazendo o "quen quen quen quen" do Pato, os
pássaros disfarçados de flauta em Passaredo.
O tê-tê-tê-rê-tê de Taj Mahal (Jorge Ben Jor) virou dê-dê-dê-dê-rê-dê; De Onde Vem o Baião
(Gilberto Gil) sampleia a voz de Gonzagão. São duas faixas festivas
colorindo tons menores. Não que Partimpim tenha amadurecido e ficado
circunspecta. Ela encolheu, como sinaliza a capa. "O processo de
encolhimento veio como reação do Dois. Eu estava maior, de algum jeito. No Tlês, por causa das canções, eu dei uma encolhida geral."