martes, 7 de junio de 2011

Anelis - Sou suspeita Estou sujeita Não sou santa

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Não apenas pelo fato de ser filha de Itamar, que o disco de Anelis abre com uma introdução de voz e violão do pai. Antes de morrer, Itamar fez um acordo com Anelis de que a ajudaria na produção do primeiro disco solo, se ela o ajudasse a reeditar sua obra. A 'Caixa Preta' de Itamar foi lançada – infelizmente de forma póstuma, pois Itamar morreu em 2003 – mas mesmo assim ele cumpriu o acordo com a filha.

Segundo reportagem de Marcus Preto na Ilustrada, a própria Anelis não conseguia terminar nada na carreira solo, enquanto não concluísse a 'Caixa Preta' do pai. "Tinha horas que eu ficava até angustiada, me perguntando porque ele foi fazer esse acordo comigo, mas só depois é que fui entender o que estava acontecendo nesse processo", comenta ela.

O que aconteceu foi um amadurecimento, das canções e da própria carreira de Anelis, além de um ganho considerável em experiência, que ela jamais teria se não houvesse o acordo – já que ela produziu dois discos com material inédito do pai, junto com dois grandes produtores como Beto Villares e Paulo Lepetit. Além desse 'curso intensivo' em produção, que teve com a preparação da 'Caixa Preta', todo dinheiro ganho com a venda dessa reedição, foi usado na produção do CD 'Sou Suspeita Estou Sujeira Não Sou Santa' – resumindo, Itamar foi produtor executivo por tabela.

A música de abertura é uma homenagem a Itamar e à todas mulheres, inclusive à própria filha, 'Mulher segundo meu pai', onde a introdução se transforma num dueto arrepiante entre pai e filha. O disco segue abraçando o reggae e o dub em 'Bola com os amigos' e até promove o encontro entre o samba e as rimas do rap de Max B.O., em 'Passando a vez'.

Mas o disco tem outras grandes participações, como Gero Camilo, que foi o par-romântido de Rodrigo Santoro em 'Carandiru', mas que usou a veia de ator para dar vida à cafajestagem em 'Amor sustentável'. Outras participações importantes como Alzira E. em 'Quaresmeira', Karina Buhr e Flavia Maia em 'Sonhando', Cris Scabelo em 'One day', CéU em 'Neverland' e Lurdez da Luz em 'O importante é o que interessa' – disponível como bônus das versões vinil e digital.

Outra participação importante são das irmãs de consideração de Anelis, Thalma de Freitas e CéU, que juntas formam o trio 'Negresko Sis', 'As Irmãs Negresko'em inglêse que também é referência ao biscoito de mesmo nome, que é usado pra definir a formação de duas negras e uma branca – nesse caso a CéU é o recheio, entre Thalma e Anelis. Juntas elas cantam 'Secret' e 'Alta madrugada'.

'Luz dos meus olhinhos' é um reggae com levada hvaiana, com direito a guitarra-slide, mas também de um tecladinho pegajoso, que confere à peça uma pegada bem pop. Em todo disco existe a colaboração de amigos próximos de Anelis, como Bruno Buarque, Mau Pregnolatto, Lelena Anhaia, Simone Sou, Curumin, Lucas Martins, Gustavo Lenza e Gustavo Ruiz, que já havia gravado dois discos com Anelis, além de Iara Rennó, na banda 'DonaZica'. São ele 'Composição' em 2003 e 'Filme Brasileiro' em 2005.

Sem falar na presença cósmica de Itamar Assumpção... No início do álbum, como um profeta da arte e consideravelmente culpado por tudo isso. E como se fosse planejado, o disco encerra do outro lado dessa árvore genealógica tão talentosa.

Por isso, ouçam online, gravem nos players, compartilhem, mas não deixem de comparecer ao show, de comprar o CD nas mãos do artista e de apoiar os artistas nos esquemas de 'crowdfunding', que é financiamento colaborativo em inglês – como os sites catarse e multidão, que formam o Grupo Comum –, que são utilizados para viabilizar projetos como esse... (Eu ovo)

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