Home Again
Primeira faixa do disco de estreia do inglês filho de ugandenses Michael
Kiwanuka, “Tell Me a Tale” deixa claro em seus vinte segundos iniciais
as matizes que se ouvirão no trabalho do cantor. O arranjo intrincado da
canção, com cordas e sopros, e sua letra cheia de significados poéticos
tramados de maneira (aparentemente) simples ecoam o pop sofisticado de
Van Morrison e Nick Drake, enquanto a voz de Kiwanuka traz à tona o bom
charme de crooners como Sam Cooke e Otis Redding. Tais influências
perpassam as dez faixas de “Home Again”, seja em um momento mais
balançado, como o doo-wop “Bones”; alegre, como na folk-song “I’ll Get
Along”, que não destoaria em um disco como “Moondance”; ou ainda nas
introspectivas baladas “Rest” e “I Won’t Lie”, capazes de arrepiar até o
último fio de cabelo do corpo. Conhecido por ter aberto shows para
Adele em 2011, Kiwanuka compartilha com a cantora de “Someone Like You” a
sensação de fazer música deslocada de seu tempo, mas que tem seu apelo
junto aos ouvintes justamente por ir contra a maré do hoje. Entretanto,
ao contrário de Adele, Kiwanuka parece ser capaz de colocar voz própria
em suas canções sem apelar para floreios e exageros (nem para uma imagem
muito bem construída e polida), compondo um disco em que pouquíssimas
coisas parecem fora de sintonia. Em “I’m Getting Ready”, outro ponto
alto de “Home Again”, o cantor diz que ainda está ficando pronto para
acreditar em algo maior, mas, depois de ouvir “Home Again” por inteiro, é
difícil que o ouvinte não se sinta em casa com por suas canções.
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