A Idade dos Metais
Clayton Barros, um dos fundadores da banda Cordel do Fogo Encantado
(1999-2010), fazia com seu violão a ponte harmônica entre a poesia de
Lirinha e a base de percussão dos demais integrantes. O sertão
pernambucano de onde vieram eles não era um sertão estático, era um
sertão plugado à cidade, pulsante de informação nova, uma poesia de
cordel eletrificada pelo rock-and-roll.
Daí que o álbum A Idade
dos Metais seja um entrelaçamento dessa energia primitiva com a tensão
massacrante da cidade. Uma colagem em que os elementos de uma infância
simples, junto à natureza (“Meu pé de manga adora banho de chuva / meu
pé de uva se não chover se zanga”, em “Da infância”) convivem com a
pressão frenética de uma civilização com pressa, em “Do Zero” ou
“Alamedas”.
Trilhas sonoras de um passeio de uma câmara
cinematográfica, de carro, às cegas, pela cidade – sentindo a pulsação
de milhões de vidas por trás de cada fragmento de imagem captado através
das lentes. Flashes de uma sensibilidade urbana capaz de chamar a
mulher amada de“doida de pedra” e de conciliar a noite sem fim de “A
Pedra” (insônia na boemia ou num estúdio, com participação do Otto) com a
sensualidade de “Vem cá meu bem”.
Sensibilidade típica de músicos, de uma tribo que se sente à
vontade na cidade e na madrugada, e para quem algumas das coisas mais
importantes da vida acontecem entre a meia-noite e os primeiros raios do
sol.
Os Sertões é composta pelos músicos: Clayton Barros (vocal,
violão,guitarra), Deco Trombone, da banda Ska Maria Pastora (sopro),
Rafael Duarte, do grupo Rivotrill (vocal, baixo) e Perna, da banda
Radistae (bateria). O repertório é baseado em composições próprias, além
de interpretações de Zé Ramalho (“Galope Rasante”) e Les Baxter
(“Wheels”).
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