martes, 16 de febrero de 2010

Moacyr Luz - Batucando

Batucando


Considerado um dos grandes compositores da atualidade, gravado por Maria Bethânia, Gilberto Gil, Rosa Passos e Nana Caymmi, só para citar alguns de seus intérpretes, Moacyr Luz, ou Moa, como é chamado na intimidade, está lançando o nono disco, Batucando, o primeiro pela Biscoito Fino, só com músicas inéditas e, no fundo, considerado por ele o disco de comemoração dos seus 50 anos. Batucando, com muitas participações especiais e uma seleção de parceiros de causar inveja, marca também sua consolidação com o samba, que desde os anos 90 vem marcando sua trajetória de compositor.
“A globalização acabou com a fidelidade de parceiros”, é a explicação do compositor para uma menor produção da tradicional dobradinha com Aldir Blanc, o parceiro mais constante, que tem apenas duas letras no CD: Clareou e Samba pro Geraldo. Esta última, não por acaso, tem Tantinho dividindo o vocal com o autor: “Falo do Geraldo Pereira na letra (...meu nego, Geraldo Pereira/foi daí que eu inventei/um samba na segunda-feira/no bom sincopado onde você é rei). E na primeira segunda-feira do Renascença o Tantinho compareceu. Eu queria o registro dessa história”.

Em compensação, Moacyr anda muito orgulhoso dos três sambas que fez com Sereno, um dos integrantes do grupo Fundo de Quintal. Dessa vez, exercitou seu lado de letrista, deixando a música para o companheiro. Uma delas, Vida da Minha Vida, abre o CD e une as vozes de Moacyr e Zeca Pagodinho: “Esta música é muito pessoal e foi a primeira vez que cantei com Zeca, por quem tenho uma admiração enorme”. As outras duas composições com Sereno são A Natureza Chora (interpretada por Moacyr) e Beleza em Diamante, onde  divide o vocal com Mart’nália, “a minha deusa, sempre”.

Com Wilson das Neves, parceiro na composição e na gravação de Quando se é Popular, Moacyr também trocou de lado e fez a música.  Era companheiro de shows do baterista e compositor e tinham até hoje apenas uma única parceria, Tudo que Vivi, gravada em 2003 no disco Samba da Cidade, o último trabalho só de inéditas lançado por Moacyr. Paulo César Pinheiro, outro velho parceiro (têm mais de dez músicas gravadas), comparece com Divina Mangueira, que ganhou interpretação de Beth Carvalho: “Apesar de falar muito na Portela, o Paulinho é mangueirense”, explica.

Samba dos Passarinhos, parceria e interpretação de Moa e Martinho da Vila é a inédita da dupla que tem músicas consagradas, como Vila Isabel e Zuela de Oxum. Outra inédita, Clareou, juntou Moa, Ivan Lins e Aldir Blanc na composição e Moa e Ivan na Interpretação. Com Ivan, Moacyr havia composto Instante Eterno, que entrou na trilha da novela Porto dos Milagres.

Hermínio Bello de Carvalho é outro velho parceiro. Ganhou três gravações em Batucando: Meu Nego, na voz de Alcione, com quem Moacyr nunca havia gravado: “Mandei a música pra ela e meia-hora depois ela me retornou cantando no telefone”, conta emocionado; Daquela Mulher, “na tradição do samba-canção no samba”, explica, e Banguelas, “onde a música tem um moto-contínuo, um timbre, que só o Luiz Melodia poderia dar. A voz de Melodia funciona como um instrumento a mais”. Os dois haviam se encontrado há tempos, num disco de Guilherme de Brito produzido por Moacyr.

Fechando o CD, na voz de Moacyr, autor de música e letra, Delírio da Baixa Gastronomia, a única não totalmente inédita, já que num show em São Paulo, no Tom Brasil, uma gravação do samba acompanhada de um libreto, com texto de Ruy Castro, foi distribuída gratuitamente, valendo como ingresso.    

Compositor de música, como se define, Moacyr mostra em Batucando o lado letrista que vem sendo mais exercitado. Mas ele diz que quando a parceria é carinhosa, é muito comum um parceiro dar palpite no trabalho do outro: “Às vezes, a melodia da palavra precisa que uma nota seja aumentada. E por que não aumentá-la?”. 

No hay comentarios: